Seminário da Frente pela Vida trouxe experiências de todo o Brasil em Saúde, Assistência Social e Educação para avaliar o retorno às aulas presenciais

A Frente Pela Vida realizou na última sexta-feira (03), de forma online, o seminário “Saúde, Educação e Assistência Social na Pandemia de Covid-19: em defesa da vida na retomada das atividades presenciais”. A mesa-redonda de abertura foi mediada por Heleno Araújo, presidente do CNTE, que saudou a participação de 74 entidades nas mobilizações do manifesto que dá sustentação à iniciativa. Posteriormente os inscritos foram divididos em oficinas em cada uma das cinco regiões, retornando para a plenária final de encaminhamentos. 

Na mesa-redonda de abertura, Rosana Teresa Onocko Campos (Unicamp), presidente da Abrasco, destacou a importância do documento construído de forma intersetorial em 2020, que segue atual, e apontou o dilema frente ao fato das crianças brasileiras estarem entre as que menos tiveram aulas no ano passado em todo mundo. “Como a gente pode pensar uma retomada com segurança, mas que não nos torne cúmplices de exacerbar as desigualdades sociais, raciais e regionais?” 

Na sequência, a presidente da ANPEd, Geovana Lunardi, enalteceu a visão intersetorial construída no grupo como apta a não só construir protocolos e orientações de ordem prática, mas também para fazer um diagnóstico desse contexto tão preocupante. “Esse coletivo tem nos ajudado a pensar esses enfrentamentos que os sistemas educacionais neste momento estão tendo que dar conta no Brasil: uma volta às aulas com muitos problemas, um empobrecimento da população, uma escola com professores com enormes dificuldades de trabalho e infraestrutura”. Lunardi também lembrou que a despeito da paralisação das aulas presenciais, o período representou e representa enorme sobrecarga de trabalho e pressão psicológica aos docentes.

Fernanda Magano, do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo, analisou pela Assistência Social como a pandemia chega às pessoas de forma distinta, frente a desigualdades ampliadas pela inércia do governo federal na aquisição de vacinas, políticas de saúde articuladas e apoio financeiro efetivo e contínuo às famílias necessitadas. “A política pública de assistência social é fundamental nesse momento.”.

A mesa-redonda contou com explanações de Naomar de Almeida Filho (USP | UFBA), que abordou o histórico da pandemia particularmente no Brasil, e Márcia Lopes (UEL) que, representando a Frente de Defesa do SUAS e da Seguridade Social, trouxe o desalentador quadro de 25 milhões de pessoas passando fome no país atualmente, com aumento de cerca de 25% em relação a dezembro de 2020, além de 117 milhões sem se alimentar adequadamente. 

Miriam Fábia Alves, vice-presidente da ANPEd, representou a Associação na mesa-redonda e lembrou as marcas que o período da pandemia deixará nas famílias e em toda comunidade escolar. "O que nós temos de histórias das tragédias, das mortes, das perdas, das dores dos nossos profissionais daria um livro de memórias para nunca ser esquecido, incluindo a não atuação do estado e do governo." E é nesse contexto que a Frente pela Vida se mobiliza enquanto sociedade civil, sindicatos, educadores, entidades e sociedades científicas, puxando todo um debate e ações para esse enfrentamento. 

Oficinas

Na sequência da mesa-redonda, foram realizadas oficinas com centenas de inscritos de todo o país, divididos em salas para cada uma das cinco regiões. “ Foi muito interessante, porque proporcionou relatos sobre a situação dos estados, das redes de educação, mas também da assistência social e da saúde. Então nos deu um conjunto de informações muito ricas e do que está sendo feito em cada uma das nossas áreas e em cada um desses territórios", analisa Miriam Fábia Alves.

Ao final, o seminário promoveu uma plenária de debates sobre os panoramas trazidos nas oficinas, ideias e propostas de encaminhamentos. Conjuntamente ficou decidida a ampliação do diálogo intersetorial com outras ações a serem apresentadas em breve, com carta e atualização do documento-base.