Reunião de associações científicas da SBPC com agências de fomento traz preocupação sobre rumos da ciência e pesquisa

por João Marcos Veiga

A ANPEd participou nesta quarta-feira (11) de encontro do Fórum Permanente das Associações Filiadas à SBPC, na sede em Brasília. Pela manhã, o grupo acompanhou apresentações dos presidentes do CNPq, Capes e Finep, além do secretário do Ministério de Ciência e Tecnologia representando o min. Marcos Pontes. As agências de fomento e regulação trouxeram informações sobre o planejamento orçamentário para 2020, evidenciando a continuidade do contingenciamento de recursos vigente de 2016 até o momento, ainda que estejam garantidas as bolsas para o ano corrente - em 2015 foi executado um orçamento de 3,010 bilhões, frente a 1,495 em 2019 e 1,410 previstos para 2020.  

Foto: o presidente do CNPq, João Filgueiras, fala a representantes de associações científicas da SBPC. Foto: SBPC

A presidente da ANPEd, Geovana Lunardi, considerou especialmente preocupante a fala do presidente da Capes, Benedito Aguiar, que apresentou propostas diferenciadas seja na distribuição de bolsas no país, seja na sistemática de avaliação dos programas de pós-graduação no país, “sem nenhuma ou com muito pouca interlocução com a comunidade científica”. Por sua vez, o CNPq adiantou que haverá uma reorganização e um redirecionamento das bolsas “por quotas” e que, apesar de mantidas as chamadas tradicionais (como olimpíadas e editoração), “muito provavelmente não haverá uma Chamada Universal 2020”, nas palavras do presidente João Luiz Filgueiras de Azevedo. “Esse modo de construir as políticas, além do contingenciamento de recursos que tem o feito o setor encolher a olhos nus, é muito assustador. Então é um momento muito delicado que exige nossa total diligência e observância, ação e resistência, e principalmente partilha, interlocução e trabalho coletivo”, defende a presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. 

Fonte: CNPq

A parte da tarde do encontro foi dedicada à avaliação do quadro das avaliações científicas que compõem a SBPC (estiveram presentes 73 representantes), para a definição de estratégias e ações conjuntas de enfrentamento aos ataques sofridos na ciência, educação e universidades. Para a presidente da ANPEd, é de suma importância esse espaço proporcionado pela SBPC para a interlocução entre as associações e com agências de fomento e regulação da C&T. “É um momento muito difícil e delicado para a ciência brasileira, especialmente considerando o tamanho dos cortes e as mudanças que estão acontecendo”, avalia Lunardi. 

Imagem: Ildeu Castro (presidente da SBPC) e André Godoy (presidente do Finep). Foto: SBPC

Fonte: CNPq