Leituras de Quarentena | Inclusão, acessibilidade e deficiência

Levando em conta nossos cotidianos adaptados para garantir segurança durante a pandemia, estimulamos aqui leituras de qualidade para o período de quarentena. Divulgando a cada 15 dias sugestão de artigos apresentados nas nossas últimas reuniões e publicados na Revista Brasileira de Educação. 

Reunimos conteúdos a partir da temática de inclusão, acessibilidade e deficiênciapara continuarmos na luta e resitência contra ameaças à educação crítica e de qualidade. Acesse também a Live ANPEd: Presente na Quarentena Live realizada em 22 de abril, a partir do tema COVID-19 e pessoas com deficiência, que contou a presença de Décio Guimarães (IFF), Douglas Christian Ferrari (UFES) e Leonardo Santos Amâncio Cabral (UFSCar), e mediação da presidente da ANPEd, Geovana Lunardi (UDESC).

 

 

 

Marina Castro, Clarissa de Arruda Nicolaiewsky, Giovanna Marafon
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT20 - Psicologia da Educação

Resumo: Pensar a inclusão educacional tem trazido questionamentos variados para as equipes escolares, especialmente quanto à obrigatoriedade do laudo e de um diagnóstico das crianças. Este artigo objetiva apontar contribuições da psicologia para uma formação docente na perspectiva inclusiva, problematizando o uso do laudo e sua relação com as práticas a partir das políticas públicas na Educação Inclusiva. Para tal, analisa a nota técnica n.04 de 2014, do Ministério da Educação, que explicita a não exigência do laudo como condição para a inclusão. A análise desta e de outros documentos aponta polêmicas não resolvidas no campo das políticas públicas voltadas à inclusão, em confronto com forças distintas que alimentam práticas contraditórias. Propõe-se uma formação fundamentada por teorias e práticas psicológicas que agem na inclusão da diferença, na democratização da educação, comprometidas com a classe popular, com as pessoas com deficiência. Aposta-se nos encontros entre alunos e docentes, sujeitos históricos e sociais, potentes e capazes de superar práticas e concepções medicalizantes.

 

Gercineide Maia de Sousa
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT15 - Educação Especial

Resumo:  Este artigo tem por finalidade apresentar o resultado da pesquisa realizada em 2018, durante o Mestrado Acadêmico em Educação pela Universidade Federal do Acre – (UFAC). Com efeito, este estudo, de abordagem qualitativa, analisou em que medida e em quais circunstâncias o trabalho docente realizado pelos professores de Atendimento Educacional Especializado - (AEE) é colaborativo ao trabalho docente realizado pelos professores de Sala Comum – (SC), de forma a atender e contribuir com o processo de escolarização e desenvolvimento dos alunos do Ensino Fundamental Inicial, público-alvo do AEE. Com base no objetivo desta pesquisa documental e de campo, realizou-se a revisão de literatura abrangendo as categorias trabalho docente, colaboração, cooperação, bidocência, codocência, Educação Especial e Atendimento Educacional Especializado – (AEE), observando o fluxo de crescimento das matrículas de alunos público-alvo do AEE em escolas comuns do ensino regular no Brasil, que tem evoluído, sobretudo, a partir da década de 90. Para tanto, buscou-se contextualizar o objeto de estudo com base em discussões de vários autores, dentre os quais destaca-se: Ainscow (1995), Karagiannis; Stainback e Stainback (1999), Tardif e Lessard (2005), Prieto (2006), Mantoan (2006), Mazzotta (2011), Oliveira (2010), Bezerra (2011), Carvalho (2011), Lima (2016), que tratam da temática.

 

 

Tereza Hortencia da Silva Azevedo, Marilene Batista da Cruz Nascimento, Julita Batista da Cruz Lopes
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT15 - Educação Especial

Resumo: Este estudo tem por objetivo descrever a configuração do ensino colaborativo nas produções da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), visando à identificação de práticas educativas diferenciadas. Trata-se de uma investigação teórica, do tipo estado do conhecimento, que utilizou a análise textual discursiva (ATD) para trabalhar os dados coletados. Os resultados sinalizaram que o ensino colaborativo como apoio à inclusão de deficientes ainda é incipiente nas publicações. Em contrapartida, a temática formação de professor e a práxis constituem-se como possibilidades norteadoras para o processo de intervenção da inclusão escolar. Acredita-se que o ensino colaborativo potencializa conhecimentos e habilidades, atitudes e valores para a (re)construção da práxis pedagógica, com vistas à promoção de aprendizagem significativa de estudantes com deficiência, como também àqueles que não necessitam de atendimento especializado. 

 

Monica dos Santos Toledo
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT15 - Educação Especial

Resumo: Esta pesquisa constituiu um estudo de caso e investigou as ações para a promoção de inclusão em educação desenvolvidas em uma escola de governo, que cumpre um importante papel na formação dos servidores públicos no Estado do Rio de Janeiro. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados a análise documental, a observação participante e uma entrevista semiestruturada. Como técnica de tratamento dos dados, utilizamos a análise de conteúdo proposta por Bardin (2011) e como perspectiva teórico-analítica, a omnilética, que compreende o entrelaçamento dialético e complexo de culturas, políticas e práticas de inclusão (SANTOS, 2013). Constatamos, por meio deste estudo, que as culturas, políticas e práticas da escola pesquisada apresentam convergências e divergências em relação aos princípios da inclusão em educação que se busca desenvolver na própria instituição. Entretanto, as ações planejadas e desenvolvidas mostraram-se como um movimento necessário e com potenciais para contribuir com a construção de políticas públicas mais inclusivas, considerando o cidadão como sujeito participante deste processo. 

 

Sonia Regina de Souza Fernandes, Karem Aparecida Simas Resende, Luana Tillmann
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT04 - Didática

Resumo: Este trabalho é resultado de projetos de pesquisa vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica/ProfEPT – em rede. Objetiva refletir acerca da didática (específica) e sua relação com processos pedagógicos de e para a inclusão educacional, bem como, trazer contribuições ao trabalho docente, no âmbito do EMI, na atuação com estudantes cegos. Os sujeitos da pesquisa são professores que atuam na referida modalidade no IFC. Como instrumento de coleta de dados o uso de questionário, com perguntas abertas e fechadas, com o propósito de identificar e avaliar o nível de conhecimento acerca do trabalho pedagógico com estudantes cegos, assim como, dos materiais acessíveis e/ou de tecnologias assistivas utilizadas para favorecer o processo de ensino aprendizagem. Feito isso, organizar-se-á na forma de Produto Educacional, processos de formação em serviço, por meio do desenvolvimento de um tutorial on line (utilizando Abby Fine Reader e Adobe Pro DC), e no campo da percepção tátil, para uso de materiais didáticos acessíveis.

 

Mônica de Carvalho Magalhães Kassar, Daniel Mendes da Silva Filho
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT15 - Educação Especial

 

Ana Gabriela da Silva Vieira, Madalena Klein
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT15 - Educação Especial

Resumo: A Educação de Surdos é tema de documentos oficiais, que nas últimas décadas vem sendo constituídos por discursos que se aproximam tanto de uma proposta de educação inclusiva, quanto de uma marca linguística que embasaria a educação destes sujeitos em espaços específicos. Assim, o presente trabalho propõe uma problematização do Decreto nº9.465, publicado em janeiro de 2019, organizando a estrutura do Ministério da Educação dentro da nova gestão do Governo Federal e que cria a Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos. Tal problematização se dará em diálogo com outros documentos, para que se possa discutir mudanças e permanências, e propor alguns questionamentos sobre a temática. 

 

Aline de Menezes Bregonci
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT15 - Educação Especial

Resumo: O presente trabalho dedicou-se a cartografar a educação de surdos, deficientes auditivos e surdocegos na região do Caparaó Capixaba/ES, procurando identificar e problematizar as políticas e práticas da Educação Especial envolvendo este público nas escolas locais inclusivas. Realizamos assim, uma cartografia simbólica, considerando as categorias escala, projeção e símbolo/simbolização a partir da abordagem das Epistemologias do Sul na perspectiva teórica de Boaventura de Sousa Santos. Os resultados encontrados mostram que a legislação tem se materializado de diferentes formas nos municípios do Caparaó/ES. Contudo, apesar de todas as dificuldades encontradas por ser uma região não-hegemônica, o que tem sido desenvolvido na região do Caparaó Capixaba/ES, mostra uma grande potência que emerge das práticas educativas-escolares. 

 

Eliane Telles de Bruim Vieira, José Raimundo Rodrigues
39ª Reunião Nacional da ANPEd, 2019 | GT15 - Educação Especial

Resumo: Este texto é um recorte de uma pesquisa que tem como objetivo retomar as discussões sobre a história da educação de surdos por meio da releitura dos documentos dos congressos ocorridos no final do século XIX. O congresso de Milão (1880) permanece como monumento sobre o qual pesquisadores da educação de surdos podem sempre encontrar novas problematizações. A partir de uma leitura do corpus documental deste congresso, procuramos retomar como em Milão se deu a construção de uma verdade a ser implementada. Objetivamos problematizar como as bases religiosas e filosóficas da época, aliadas a outros elementos práticos, permitiram normatizar o melhor método para a educação de surdos. A aproximação ao conjunto de documentos referentes ao Congresso de Milão favorece discutir questões ainda hoje subjacentes em muitos debates acerca da educação de surdos e se apresenta como tarefa necessária, pois tal evento é, sem dúvida, o mais conhecido acerca da educação de surdos. 

 

José Roberto Herrera Cantorani, Luiz Alberto Pilatti, Caroline Lievore Helmann, Sani de Carvalho Rutz da Silva 
RBE | 2020

Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar o processo de adequação de uma Instituição Federal de Ensino Superior à lei n. 13.409, de 28 de dezembro de 2016, que implementa cota para pessoas com deficiência. A pesquisa é de natureza qualitativa e configura-se um estudo de caso único. Foram entrevistados dois gestores da instituição e levantados documentos relacionados ao tema para a composição do corpus documental. Para o exame documental, utilizou-se o procedimento da análise de conteúdo. Constatou-se que a instituição examinada não apresenta condições adequadas para o atendimento à cota para pessoas com deficiência estabelecida na referida lei. Conclui-se que, mesmo a lei n. 13.409/2016 sendo justa e necessária, as condições para a sua efetivação por parte do governo federal não foram criadas. O que deveria ser inclusão configura-se, na verdade, um processo de exclusão.

 

Raquel Martins de Assis, Cristina Rodrigues de Oliveira, Erika Lourenço
RBE | 2020

Resumo: O artigo apresenta pesquisa sobre o conceito de criança anormal divulgado em um conjunto de artigos publicados na Revista do Ensino de Minas Gerais, na década de 1930. Foram levantados artigos que expressam como a criança anormal era compreendida pelos contemporâneos daquela época. Da análise dos textos, emergiram duas categorias: classificação das crianças anormais, suas características e explicações causais da anormalidade; o papel da escola na educação das crianças anormais. Utilizamos contribuições da história conceitual de Koselleck, segundo a qual conceitos expressam aspectos da experiência e da dimensão teórica de sujeitos em contextos e tempos históricos específicos. A pesquisa demonstrou que a articulação desse conceito incluía concepções fundamentadas nos debates sobre ambiente e hereditariedade, nos saberes elaborados pela psicologia e na discussão sobre o papel da escola e a educação das novas gerações.

 

Mariane Carloto da Silva, Sílvia Maria de Oliveira Pavão
RBE | 2019

Resumo: O objetivo do estudo foi discutir sobre as disposições à terminalidade específica na educação superior para estudantes com deficiência. Com abordagem qualitativa e exploratória, os dados foram coletados, por meio de entrevista direcionada aos coordenadores e professores de cursos de graduação de uma instituição federal de ensino superior (IFES) localizada no estado do Rio Grande do Sul. Constatou-se que o tema em questão é pouco conhecido no meio acadêmico e que é preciso ser estudado. Ainda, considerando a aplicação da terminalidade específica no ensino superior, os casos deveriam ser criteriosamente avaliados em comissões pedagógicas, assegurando aprendizagem e atuação profissional. Concluiu-se que há possibilidade de desenvolver a terminalidade específica na educação superior, pautando-se também no que é preconizado nas documentações legais vigentes, visto que se faz necessário implementar ações que possibilitem a permanência, aprendizagem e conclusão na educação superior para estudantes com deficiência.

 

Marcos Cezar de Freitas
RBE | 2018

Resumo: O artigo aborda a apropriação que a filantropia empresarial educativa fez de documentos estratégicos da educação brasileira para propor uma lógica de mercado à educação pública. A circulação das palavras-chave eficiência e resultado naturaliza a narrativa empresarial sobre o valor da alta performance e esvazia a escola pública de possibilidades inclusivas, especialmente no que diz respeito à escolarização de crianças com deficiências.

 

Gabriela Tannús-Valadão, Enicéia Gonçalves Mendes
RBE | 2018

Resumo: Traça-se um panorama histórico acerca do conceito de plano educacional individualizado - PEI, apontando as consequentes mudanças nas práticas nele estabelecidas em decorrência da segregação e da inclusão escolar. Apresenta-se análise da legislação sobre PEI e dos modelos de execução desse tipo de planejamento em países, a saber: França, Itália, Estados Unidos e Brasil. O modelo de PEI da França é o que tem maior abrangência, visto que engloba todo o ciclo de vida. Nos Estados Unidos e na Itália, ele é exclusivo da vida escolar, embora seja enfatizada a importância de medidas de controle do processo de transição da escola para o trabalho e/ou comunidade. O Brasil não possui dispositivos na legislação que garantam que tais estudantes tenham um PEI baseado em suas peculiaridades, resultando num planejamento centrado mais nos serviços existentes do que nas necessidades dos alunos. Assim, ainda que a era anunciada seja de inclusão escolar, as práticas de planejamento não mudaram.