Por uma "freada de arrumação": Enem e Covid-19 | por Hustana Maria Vargas (GT 14) | colaboração de texto

por Hustana Maria Vargas (GT 14) - Laboratório sobre acesso e permanência na universidade – LAP/UFF

O anúncio do ENEM 2020 pelo Ministério da Educação, sem mais, exige um “para tudo!”. Que disparate é esse, tratando-se de um Exame nacional aplicado uma vez ao ano, em tempos de irregularidade radical no calendário escolar e na própria qualidade da escolarização?

Pensemos: em que consiste o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)? Um exame realizado, sobretudo, a fim de se obter pontuação para participar do Sistema de Seleção Unificado (SiSU), porta de entrada das instituições públicas de educação superior, para obtenção de bolsas do Programa Universidade Para Todos (ProUni) e financiamento estudantil federal (FIES). Residualmente, alguns se inscrevem para treinar para a prova, outros para obter certificação de conclusão no ensino médio e alguns para ingresso em universidades estrangeiras.

A pertinência e a qualidade do Exame têm sido objeto de debates e disputas no campo educacional desde sua primeira edição, em 1998. Um dos pontos mais debatidos é a natureza da prova. Seria um bom instrumento de avaliação para ingresso na educação superior? Em que consistiria uma boa avaliação com esta finalidade? Como avaliar com a mesma prova, redes de ensino tão diversas e desiguais, em combinação com a presença de estudantes com origens e condições socioeconômicas tão díspares? Sua consolidação como instrumento admissional dirigiria a formação no ensino médio, moldando os currículos à sua imagem e semelhança? Que efeitos essa direção produziria, do ponto de vista da educação como direito e bem público? 

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Referências Bibliográficas

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